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Pesta - A Personificação da Peste Negra

A Peste Negra foi uma praga que devastou a humanidade no século XIV. Considerada a pior pandemia que ja existiu, a primeira pandemia foi registrada antes do que costumamos pensar, no século durante o Império Bizantino, onde quem governava era o Imperador Justiniano, que chegou a ser infectado porém sobreviveu. A Peste afetou especialmente cidades portuárias do Mediterrâneo, incluindo Constantinopla que era a maior cidade do Mundo na época, já que os navios mercantes facilitavam a propagação da doença por conta dos ratos à bordo.

Na Noruega, a pandemia ocorreu como uma tempestade de fogo no ano de 1349. Em questão de meses, cerca de 60% da população morreu potencialmente, foi um desastre de proporções catastróficas. É impossível entender a escala do sofrimento.

 

A Bruxa da Peste


Tamanha foi o sofrimento das pessoas naquela época, principalmente na Noruega, onde deu origem à Pesta, a entidade que trazia a Peste Negra, a personificação da Peste, também chamada de "A Bruxa da Peste". A crença em Pesta se tornou tão grande, que fez parte do Folclore Norueguês, onde foram criadas lendas, relatos e histórias sobre ela. A origem de Pesta se desenvolveu através da observação de eventos que deviam parecer inexplicáveis ​​para as pessoas que viviam com a peste negra.


Pesta, a Peste Negra por Theodor Kittelsen, 1900

O folclóre Norueguês antigo a retratava na forma de uma velha com o rosto pálido, vestindo uma saia vermelha e um longo manto negro, onde passava de campos em campos, vilas e aldeias, cidades e civilizações destruindo e adoecendo tudo e todos que via pela frente. Carrega consigo uma vassoura e um ancinho, mas passa com somente um deles nos lugares. Acreditava-se que muitos sobreviventes da Peste Negra conseguiram esse feito por que foram poupados por Pesta, "passando por entre os espaços do ancinho". Em outros lugares ninguém deu sorte, e assim Pesta passava: Quando Pesta passasse com a vassoura, não adiantaria correr, ela varreria toda a vida dali, mas se passasse com o ancinho, muitas pessoas poderiam se salvar, seja com a doença ou não.


O Navio Fantasma por Theodor Kittelsen, 1895

Como eu expliquei anteriormente, os navios facilitavam a propagação da Peste por conta dos ratos, por isso, contam as lendas que Pesta chegou nas cidades através de um barco fantasma repleto de ratos, e todos os barqueiros a navegar, quando ela passou, adoeceram e morreram.

Pesta era uma entidade muito poderosa, acabou com comunidades inteiras. As pessoas morriam em suas camas ou nos caminhos que andavam. As crianças ficaram órfãs e sozinhas.

A história diz que não levou mais de três dias para morrerem todos. Pesta trabalhava com tanta velocidade que as pessoas muitas vezes eram incapazes de libertar seus animais dos estábulos e dos galpões. Sem comida e cuidados, os animais logo sucumbiram à sede e à fome. Em pouco tempo, o último homem ou mulher se foi, e tudo estava parado.Os anos se passaram e a Mãe Natureza recuperou os prédios e os campos;o abrigo acolhedor e o meio de vida pelo qual as pessoas haviam trabalhado e lutado tanto.Tudo se foi.

 

História de Pesta


O Barqueiro


Pesta e o Barqueiro por Theodor Kittelsen, 1900

Um dia, Pesta chegou a um lago e chamou o barqueiro para levá-la. Desta vez, ela usava uma saia azul e, a princípio, o homem não a reconheceu, já que ela utiliza saia vermelha. Logo depois, gradualmente, o barqueiro começou a sentir o que Pesta causava e logo a reconheceu. Ele implorou que ela poupasse sua vida. Se o fizesse, ele deixaria que sua boa ação fosse o pagamento pela viagem de barco. Pesta conferiu um grande livro que tinha no colo e depois respondeu calmamente: "Não posso poupar sua vida, mas posso facilitar sua morte".Quando o homem voltou para casa, estava tão cansado como nunca esteve antes. Ele caiu na cama, e momentos depois se foi.


O galo silvestre de Jostedal


Pesta Kommer por Theodor Kittelsen, 1896

Nas profundezas da região de Sogn, no oeste da Noruega, no alto das montanhas, você encontrará o vale de Jostedal.

À medida que a praga se aproximava, muitos dos ricos e poderosos fugiram para este vale remoto, na esperança de escapar de Pesta e de sua vassoura.

Quando eles se estabeleceram, não deixaram mais ninguém entrar. Mas, para se comunicar com o mundo exterior, as pessoas podiam deixar cartas embaixo de uma pedra na entrada do vale. Esta rocha é chamada de The Letter Stone até hoje. Mas, por mais que tentassem manter Pesta afastada, ela conseguia entrar. E, exceto por uma jovem, todos eles morreram.

Algum tempo depois, alguns dos animais domésticos abandonados de Jostedal apareceram em um vale vizinho. Sem saber o que havia acontecido, as pessoas começaram a investigar. E quando eles chegaram, eles foram de casa em casa, mas não encontraram ninguém vivo. Enquanto se preparavam para voltar para casa, avistaram a jovem. Eles a chamaram, mas ela era como um animal selvagem, e correu para a floresta e desapareceu.

As pessoas discutiram entre si e concordaram que era seu dever salvá-la. Levaram muito tempo para localizá-la. Ela estava assustada e confusa, e lembrou a eles de um pássaro local, o perdiz. E esse foi o nome que eles deram a ela: O galo silvestre de Jostedal . Eles trouxeram a garota de volta à sua própria comunidade e a trataram bem. Por muitos anos, o vale de Jostedal foi abandonado.

Mas com o passar do tempo, novas pessoas redescobriram o vale, procurando um lugar para se estabelecer. Fazendas abandonadas e campos cobertos de vegetação foram consertados e limpos.

Quando a garota ficou mais velha, encontrou amor no vale e se casou lá. No decorrer da história, ela permaneceu em Jostedal pelo resto da vida, e deixou uma grande e respeitada linha familiar para trás.


Uma Casa Adormecida, coberta pela Floresta


A Chegada de Pesta por Theodor Kittelsen, 1900

O dia estava quase no fim, e ele havia perdido a esperança de encontrar um abrigo quente para a noite. Mas então, de repente, ele viu vários edifícios quase escondidos pela floresta, cercados por árvores com mais de cem anos de idade. Era como um lugar assombrado, e o caçador relutantemente se aproximou.

Primeiro, ele entrou na casa principal. Junto à lareira, encontrou uma panela enferrujada, nos bancos alguns fios podres, e na parede um arco e flechas. Uma espessa camada de poeira cobria tudo.

Ele pulou para trás enquanto caminhava para uma cama no canto. Ossos humanos velhos gritaram com ele e contaram o que aconteceu ali, a muitos anos atrás, Pesta fez uma visita com sua vassoura e o mundo parou. Lentamente, ele saiu e visitou os outros edifícios da antiga fazenda. Tudo estava lá, assim como as pessoas deixaram.

O homem decidiu ali e então que reivindicaria o que havia encontrado e começaria uma nova vida nesta floresta densa e misteriosa. Ele enterrou os ossos e logo depois o antigo local voltou a ganhar vida. Ele ficou sobre a proteção dos morto, e continuou o que eles haviam começado e trabalhado tanto.


Há muitas histórias em torno de Pesta. O artista norueguês Theodor Kittelsen afirmou ter conhecido a mulher durante sua visita ao norte da Noruega e fez muitas representações dela, como as que estão no post. Até hoje, Pesta continua sendo uma figura ícone na mitologia escandinávia, vista como um entidade que vagou pela Terra.

 

Fontes:

Histórias do folclóre Norueguês sobre Pesta: https://talknorway.no/folk-tales-pesta-and-the-black-death-norway/


Tags: #Folclore


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