Os rituais são uma maneira de concentrar e reconhecer nossa energia e consciência. Todos nós realizamos rituais durante o dia - alguns mais conscientemente do que outros - que influenciam e apoiam nossas atitudes e comportamentos. Nos vestimos de manhã, celebramos aniversários (que alguns cristãos acham que é um ritual satânico mas...ok), encontramo-nos com outras pessoas, marcamos os acontecimentos principais de nossa vida com fotos ou escrevendo na internet ou em um diário. Percebeu o quão se parece com um ritual? A qualidade que faz da vida "comum" um ritual é muito sutil.
Acender uma vela e um incenso não basta para fazer um ritual, mas o estado de mente e consciência que acompanha ou resulta de uma ação, sim. Ritual é uma metáfora para toda a vida consciente.
O poder dos rituais mágicos vem de sua capacidade de despertar as emoções necessárias para lançar feitiços, desde as correspondências entre rituais e os resultados desejados e as correspondências entre os rituais e o Universo, incluindo nossa própria mente e lembranças. Isso inclui recordações de encarnações passadas e lembranças anteriores à nossa existência como seres civilizados - ou mesmo como criaturas humanas. O controle emocional e o relaxamento são necessários na prática da magia. O controle nos capacita a concentrarmo-nos e visualizarmos o efeito que queremos produzir. O relaxamento emocional permite que o desejo visualizado, com a forte emoção que o acompanha, cresça e seja impelido em direção ao objeto do feitiço. As emoções são a base de nossa capacidade de fazer magia. Não importa o sistema mágico, o poder pessoal deve ser imbuído da necessidade e da intenção e, em seguida liberado. As energias da magia são as mesmas da própria vida.
É por isso que qualquer ritual antigo não pode funcionar. Você deve estar completamente convencido - tanto emocional e subconscientemente quanto conscientemente - de que vai funcionar. Para ser convincente assim, o ritual deve atingir um nível além da mente consciente e despertar os poderes e capacidades psíquicas pouco compreendidas (ou mesmo admitidas) pela ciência moderna.
Quando você for capaz de fazer isso com sucesso, vai criar uma "suspensão de descrença" semelhante ao estado em que ficamos ao ler um romance envolvente ou assistir a um bom filme. Você está bem "ali" - envolvido no roteiro - e deixa suas faculdades críticas de lado naquele momento. Isso significa que você passa a sentir o ritual com o lado direito do cérebro, e não com o lado esquerdo (farei um post explicando sobre isso) - como se estivesse sonhando, tendo uma alucinação ou sofrendo uma hipnose. Nesse estado, tudo se torna possível.
Ao realizar rituais, é preciso um pouco de sobreposição e repetição. Os rituais ficam mais poderosos com a repetição; quanto mais você os fizer, mais fortes ficam. Também é assim com os Deuses - quanto mais as pessoas acreditam neles e quanto mais eles são invocados e recebem orações, mais poderosos ficam.
Antes de fazer um ritual, é preciso estudar bastante o lado teórico, para depois ir para a prática, estudar correspondências, instrumentos usados, enfim... tudo. Eis algumas questões as quais Anodea Judith (autora de Wheels of Life: A User's Guide to the Chakras), acredita serem importantes ao planejar um ritual:
1. Qual a finalidade do ritual?
Por que você está fazendo isso, o que quer realizar, qual o problem que quer resolver? As respostas podem variar e definirá o tema.
2. Qual a época?
Qual a época do ano, estação, ciclo da Lua, dia ou noite, momento de sua vida, momento na vida de um grupo (como iniciação, fechamento, etc.) ou momento em uma sucessão de rituais, como rituais planetários ou de chacras, que devem seguir uma certa ordem.
3. Para quem é e quem vai participar?
Engloba o número de pessoas, o nível de experiência, idade, capacidade física, crianças, só mulheres, só homens, misto, círculo íntimo fechado, grande ritual público ou qualquer coisa no meio disso.
4. Quem você quer influenciar?
Esta é ligeiramente diferente da primeira e pode ser deixada de lado se, por exemplo, a finalidade for apenas se divertir. Uma advertência: o que você está fazendo não pode se tornar manipulação, que além de ser exaustiva, é eticamente questionável.
5. Onde vai ser?
Dentro de casa, ao ar livre, em um galpão, templo sala de aula, etc.
6. Quanto tempo deve durar?
Relaciona-se às questões 2 e 5, pois rituais ao ar livre e à noite normalmente são mais curtos. Também é preciso considerar quem estará la. Por exemplo, crianças não conseguem ficar muito tempo em rituais longos. É importante planejar a duração, bem como as sub-rotinas do ritual (por exemplo: formação do Círculo: cinco minutos; invocações;dez minutos, etc.)
7.Que materiais você possui?
Se for ao ar livre, na Lua Cheia, você tem o horário e local com que trabalhar e os elementos que eles invocam. Uma montanha é uma coisa o oceano é outra. Quais instrumentos você tem, quais invocações, habilidades, pessoas, mantos, danças, cânticos? Veja o que tem em seu Grimório e Livro das Sombras e separe as coisas apropriadas. Talvez você não use todas, mas pode separa-las e ordena-las mais tarde, quanto o esqueleto do ritual estiver pronto.
8. Quais serão as principais técnicas de trabalho?
Meditação, dança, cânticos, cura, caminhadas, tambores - o que é mais apropriado para a finalidade e o tema?
9. Como simbolizar em um microcosmo aquilo que você quer trabalhar
Se você quiser cruzar o Abismo, como pode representar isso no ritual? Se deseja abrir o coração das pessoas, como simbolizar isso de um modo direto e subliminar?
10. O que deve haver no altar?
Essa questão parte do simbolismo da n°9. Se você estiver trabalhando com o Ar, Deve ter apenas incenso; se estiver trabalhando com a Terra, pode conseguir cristais. Em diferentes estações, é preciso ter itens sazonais.
Depois dessas questões serem feitas e respondidas, um esboço geral começará a aparecer. Seja criativo. Procure elementos em comum e como um pode fundir com outro co naturalidade e graça, alimentando sempre o tema central e a finalidade escolhida. Uma vez que o tema esteja claro e você saiba o que tem para trabalhar, essas respostas podem ser acrescentadas à estrutura do ritual para criar a cerimônia em si. Permita uma certa sobreposição e repetição, como o estribilho de uma canção. É muito mais importante que o ritual de fato funcione que ter cada coisinha em seu lugar. Dê a si mesmo liberdade de experimentação e saiba que não existe "um único caminho verdadeiro e certo".
Tags: #Ritual #Bruxaria #Iniciante
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