O crânio é um dos instrumentos com associações mais antigas e conhecidas sob várias formas de pensamento e trabalho ocultos, embora em algumas vertentes da Bruxaria não seja objeto tão comum. Este objeto é um símbolo de sabedoria e conhecimento guardado. Nos mistérios internos dos ensinamentos o crânio é um símbolo da natureza interna despojada de sua origem através do processo de Iniciação nos grandes Mistérios do Ocultismo. Ele também é um símbolo da morte, seja a morte da carne ou a morte do ego/de si mesmo. Essencialmente, o crânio representa o que resta da experiência de vida de alguém. Nesse sentido, ele representa o que nossos ancestrais sabiam e passaram adiante para as gerações futuras.
Os ossos cruzados representam guarda. Eles formam a figura de um X, o que simboliza o poder sobre o reino da morte (Lembrou da bandeira pirata?). Na arte antiga o X aparece nos tronos de deidades associadas com o Mundo Inferior, como o nosso querido Hades, e entre o seu simbolismo geral. Também é um símbolo do Deus em antigas religiões Pagãs. Os ossos cruzados abaixo do crânio são símbolos do Deus Sacrificado. De muitas maneiras eles simbolizam o mesmo que as espadas cruzadas, que denotam uma irmandade ou ordem secreta. No contexto da última, o crânio representa o conhecimento preservado da ordem.
Na magia e no misticismo, o crânio é uma ligação para os espíritos dos mundos sobrenaturais através de sua associação com a morte. Ele também é um receptáculo para a energia psíquica, e por esta razão normalmente é colocado próximo dos instrumentos de adivinhação como a bola de cristal e o espelho mágico. Ele é de grande importante em um Altar do Mundo Inferior.
Os Celtas e o Crânio
No passado, várias culturas criaram alguma mitologia sobre crânio ou ossos como instrumentos de culto. Historicamente falando, no caso do pensamento europeu, essas idéias basicamente originam-se no culto celta às cabeças. Para os celtas, a cabeça era a fonte de poder espiritual e força de vida do homem. Com ela, o poder do homem morto era transferido para quem o tivesse matado e trabalharia a seu favor. Ao segurá-la, a coragem e a bravura do guerreiro morto poderiam ser invocadas para agir como defesa contra qualquer forma de perigo sobrenatural.
Ao decorar a casa, paliçada, estaca do portão ou os portais do templo com crânios ou cabeças cortadas tanto dos inimigos do clã como dos guerreiros da tribo, a mensagem era: esse local ou área está defendido pelas almas unidas desses guerreiros mortos. A crença de que existe uma relação entre a alma da pessoa morta e a cabeça fazia com que o crânio de um antigo sacerdote ou xamã servisse freqüentemente como foco no ritual de invocação da alma de um homem morto, habitante do outro mundo.
Como na vida era reconhecida como moradia do poder espiritual da pessoa viva, na morte tornava-se a casa vazia do mesmo espírito. Por meio do ritual, aquele espírito podia ser chamado para aquele objeto reconhecível a fim de ajudar e proteger os membros vivos da família, grupo ou clã do morto.
Muitos comentadores sugeriram que entre os Celtas a prática da caça de cabeças tinha sua raiz em uma tradição espiritual (em oposição a uma de pegar troféus de guerra). Se nós olharmos para o fato de que o crânio retém conhecimento, então remover a cabeça vai proteger esse conhecimento de deixar o corpo com a morte. Há muitos contos celtas associados com o crânio, e com crânios específicos como o do herói Bran o Abençoado.
No conto de Bran, ele instrui seus homens de que após sua morte eles deverão cortar sua cabeça e enterrá-la no lugar onde hoje é Londres. Bran diz que isso irá proteger os Bretões de serem conquistados por invasores. A implicação aqui é que há algo do poder e do espírito de Bran que permanece no crânio.
O tema de reter o espírito ancestral aparece através da Europa Continental e as Ilhas Britânicas. Na Europa setentrional ela aparece no que é chamado o Culto ao Crânio.
O Crânio e a Divinação
No passado, quando era mais utilizado para isso, segurava-se o crânio com as mãos enquanto se fazia a pergunta. Se ele ficava mais leve, a resposta era “sim”. Se ficasse mais pesado, a resposta era “não”.
Hoje, em vez de segurá-lo, coloca-se o crânio no centro do círculo de um ambiente obscurecido, dirigindo-se as perguntas ao espírito de contato. Todos os presentes colocam a mente num tipo de fluxo livre, até que as respostas comecem a chegar.
O Crânio no Altar
O crânio é um objeto importante no altar por mais que esqueçam dele, é colocado entre as imagens das deidades (Não precisa ser um de verdade). Isso simboliza o conhecimento e sabedoria de nossos ancestrais preservados e passados adiante nos Mistérios.
Uma vela preta é colocada no topo do crânio e acesa para os rituais realizados do Equinócio de Outono até o Equinócio de Primavera.
Uma vela vermelha é usada do Equinócio de Primavera até o Equinócio de Outono.
Preto simboliza o conhecimento ancestral retido em sua fonte, o Outro Mundo. Vermelho simboliza o conhecimento ancestral que flui do Outro Mundo ao nosso mundo.
Durante o correr do ano a cor da vela do crânio vai fazer par tanto com a vela da Deusa como com a vela do Deus. Preto representa o reino secreto das sombras, a profunda floresta escura, e a jornada mística que leva ao Outro Mundo. O Deus que escolta os mortos e que auxilia na transição. Cernunnos é um exemplo desse aspecto do Deus.
Vermelho representa o sangue da vida, a pulsação interna que sustenta e dá poder.
Relacionado à Deusa, ele corre através da terra debaixo do solo, pois ela é a doadora da vida. Vermelho simboliza o lugar da vida e da renovação, o que se reflete no ciclo menstrual. No contexto da figura do crânio, o vermelho simboliza o conhecimento antigo fluindo da fonte de onde eles brotam.
Na frente do crânio um caldeirãozinho é colocado. Este representa o Portal da Lua, que é o útero da Deusa. Através da Deusa todas as coisas nascem do Outro Mundo e a ela retornam novamente. Então o caldeirão conduz de e para o conhecimento ancestral. Por causa disso ele contém a essência mágica da transformação.
O Crânio e o Deus
Geralmente, quando não ha uma estátua do Deus no altar, ele está sendo representado com um chifre de animal, ou o crânio de um Cervo, Bode ou Rena. Os chifres representam a coragem, a luz, a sabedoria e o mundo Selvagem. Ha quem diga que também representa a masculinidade, mas isso está fora de questão, se for observar que existem Deusas que também possuem chifres, como Druantia, Rainha dos Druidas e Deusa da Floresta, e Elen "dos Caminhos", Deusa celta dos caminhos, da floresta e dos animais selvagens.
Os Deuses comumente representados pelo crânio de um animal de chifres são Cernunnos, Gwynn ap Nudd, Dionísio, Baco, Fauno, e Pã.
Existe toda uma preparação para consagrar e colocar um crânio verdadeiro no altar, mas o post iria ficar extremamente longo, mas se quiserem, farei um post com os passos para o Ritual de Purificação e Consagração. Ou se preferirem, leiam o livro "Bruxaria: a Tradição Renovada" de Evan John Jones e Doreen Valiente.
Com base em:
Livro: Enciclopédia de Wicca e Bruxaria - Raven Grimassi
Livro: Enciclopédia de Bruxaria - Doreen Valiente
Livro: Witchcraft: A Mystery Tradition - Raven Grimassi
Livro: Bruxaria: a Tradição Renovada - Evan John Jones e Doreen Valiente
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